A atividade econômica de João Bayer e a modernização em Tijucas


Os primeiros anos do imigrante
         O comerciante e político, João Henrique Bayer, nasceu na Colônia Dolores, na província de Santa Fé, na Argentina em 20 de abril de 1871 e faleceu em Tijucas em 12 de março de 1936. Seus pais, os imigrantes alemães Johann Bayer e Albertina Catharina Frank Bayer, emigraram por volta de 1870 do Porto de Bremen na antiga Prússia, com destino à cidade de Montevidéu, capital do Uruguai. Logo após chegarem em Montevidéu, casaram-se e seguiram para Colônia Dolores, em Santa Fé, na Argentina, onde nasceu João Henrique Bayer. Vale ressaltar que tanto a certidão de nascimento de João Henrique Bayer na Argentina quanto o registro de óbito do seu pai (Claraíba, 1875?) não foram localizadas nos registros das igrejas católicas e protestantes. Portanto, essas informações são baseadas no que foi escrito na biografia do Coronel João (Henrique) Bayer.
        Em 1874, os pais de João Bayer seguiram o fluxo migratório alemão da colônia de Itajahy-Brusque, e na localidade chamada km.16 no distrito da Claraíba (entre Brusque e Nova Trento), se estabeleceram com uma casa comercial. Logo depois seu pai faleceu. Mais tarde, João Henrique Bayer se casou com Mathilde Klann em 10 de Maio de 1892 na Capella do Morro da Onça, hoje Capela Coração de Maria, em Nova Trento. Sua esposa nasceu em 1871 em Schwerin, em Mecklenburg Vorpommern, no antigo Reino da Prússia e em 1874 com sua família migrou para o Brasil, estabelecendo-se no distrito da Claraíba, na Colônia de Brusque.
Começa uma nova vida em Tijucas
          Logo após o casamento, estabeleceram-se em 1893 na cidade de Tijucas. Neste ano, João H. Bayer contratou a construção de um trecho da estrada de rodagem Tijucas-Nova Trento. Ali começou com uma pequena casa comercial e um hotel. Após longo período de atuação no comércio de Tijucas, constrói sua própria casa em 1917, em estilo eclético, com um grande varandão lateral. A residência continua preservada e está localizada na lateral da rua João Bayer, próxima ao Rio Tijucas.
        Em 1901 adquiriu um edifício de três pavimentos do Cel. Benjamin Gallotti para continuar suas atividades comerciais. Nesse período começou a adquirir embarcações e oferecer serviços de transporte. Sobre seu tino para o comércio, assim falaram sobre ele:
"O seu fraco era a pequena indústria. Achava que as grandes eram absorventes e não melhoravam o padrão coletivo. E, assim, ele estimulava, ajudava, associava a todas as iniciativas. Por toda parte, nos municípios de Tijucas e circunvizinhos, andavam os seus interesses, aqui, numa serraria, ali, num engenho, acolá num arrozal ou numa fabriqueta. E um dos seus negócios era o financiamento da lavoura, principalmente de arroz, café e açúcar, e a distribuição de sementes a todos sem distinção (o que podia fazer pelo largo crédito de que gozava e dispunha), negócios esses em que, aliás, por sua boa fé e bondade, não auferia grandes lucros. Homem de coração dizia, sempre, que o sol nasceu para todos." (PIAZZA, W. 1975).  
Detalhe do rótulo de Néctar de Frutas de João Bayer. Litografia, s/d. Tijucas
Os rótulos dos diversos produtos fabricados em Tijucas por João Bayer, assim como de outras pequenas indústrias catarinenses, eram impressas pela Tipografia Boehm, localizada na esquina das ruas Visconde de Taunay e Pedro Lobo, em Joinville,[1] muito conhecida pela publicação do periódico em alemão Kolonie Zeitung e que atuava desde meados da década de 1860.[2] 

Rótulos de cervejas produzida pela Bayer S/A:

Litografia por Gráfica Boehm. s/d
Litografia, Gráfica Boehm, s/d. Tijucas

Rótulos de gasosas:
Guaraná Sport. Década de 1930. Cervejaria Bayer S/A, Tijucas.












Aguardente:
  Após grande período de prosperidade e crescimento de seus negócios, entre as décadas de 1920 à 1930, organiza em 1935 todos os ramos de suas atividades comerciais, juntamente de seus filhos. Cria então a João Bayer S/A. A empresa era a maior no município neste segmento, sendo 30% de todos os impostos federais, estaduais e municipais arrecadados no município de Tijucas, eram provenientes de atividades da João Bayer S/A, que integrava a Associação Commercial de Florianópolis. [3] Atuou nos segmentos da navegação, comércio, indústria e agrícola.
Aguardente de Canna. João Bayer. s/d
      Sua atividade econômica incluía a extração de madeira no sertão do Trombudo em Itapema, plantação de café e tabaco e seu processamento, fabricação de refrigerantes (gasosas) e de bebidas alcoólicas, além de estabelecer em Tijucas Casa Comercial onde revendia outros produtos manufaturados.
     Dentre sua produção industrial, certamente a de maior renome foi a de cervejas, fundada em 1921 na cidade de Tijucas. A cervejaria de João Bayer alcançou renome internacional quando em 1929 recebeu medalha de prata por sua produção de cervejas na feira mundial de Exposição Ibero Americana em Sevilha, na Espanha, ocorrida entre maio de 1929 à junho de 1930. No mesmo ano, partiu do Rio de Janeiro no vapor Ravenna para ir em Sevilha receber o certificado, ainda hoje preservado.
        Em 1930, chegou a ter em sua frota aproximadamente 24 embarcações, entre eles: Elizabeth, Roza, Joanna e Anita. Seu "porto" no rio Tijucas, era o de número 16, sendo que a cidade possuía ao total 21. João Bayer atuava não somente na navegação de cabotagem, transporte e comércio, possuía também muitas terras onde desenvolvia atividades agrícolas, como plantação de café e arroz.
          No período de 1920 à 1921, foi o terceiro prefeito do município de Tijucas. Seu filho, o político e secretário do Tribunal de Contas, João Bayer Filho, comentou sobre a educação que recebeu de seus pais:
"E os princípios e os propósitos em que a minha educação se alicerça, são tão brasileiros, tão afins ao sentimento de brasilidade, que eu nem mesmo falo o alemão, e sou tão brasileiro, tão patriota, como outro qualquer que, nascido nesta terra, mais o seja" (PIAZZA, Walter. A "modernização" e seus emergentes: a contribuição alemã. Blumenau em Cadernos, 1975).
Acervo de Edson Bayer


Referências: 
[1] DIAS, Maria Cristina. Tipografia Boehm muito além do Kolonie Zeitung. Disponível em: http://mariacristinadias.com.br/historias/tipografia-boehm-muito-alem-do-kolonie-zeitung-pilulas-de-memoria/

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